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São Paulo
Nova área na sede do Google em São Paulo apresenta conceito do escritório inspirado na natureza
Arquitetura biomimética do escritório paulistano Superlimão se inspira nas Helicônias para otimizar uso do espaço e segurança de colaboradores; ambientes contam relação da capital paulista com a natureza
São Paulo, 2023 – Reconhecido por criar tendências quando o assunto é espaço e dinâmica de trabalho, o Google tem agora uma nova área em sua sede em São Paulo totalmente inspirada na relação entre a capital paulista e a natureza. Assinado pelo escritório paulistano de arquitetura Superlimão – responsável também pelo projeto do Google Campus SP –, o espaço na Avenida Faria Lima foi projetado entre os anos de 2021/2022 e o principal desafio, então, foi responder a uma pergunta: quais as possibilidades para um escritório dentro de um novo conceito de trabalho.
A resposta foi desenvolvida pelo time do Superlimão como resultado de uma série de debates organizados pelo Google. Escritórios de arquitetura parceiros da big tech em todo o mundo se reuniram durante um mês para discutir novos conceitos para espaços de trabalho que, além de torna-los seguros em tempos de pandemia, não impactassem a capacidade de acomodação de colaboradores.
Se o momento vivido em 2021/2022 se originou de um processo biológico, natural, foi através da biomimética (conceito que replica dinâmicas vistas na natureza) que o Superlimão encontrou a solução, mais especificamente em uma planta, a Helicônia. A espécie se comporta como um elemento vazado natural, que protege as sementes com eficiência ao mesmo tempo em que coleta água e deixa luz e vento passar.
Quando aplicado a um layout corporativo, o desenho da nova estação de trabalho gerou uma disposição em zigue zague que resultou em ocupação superior aos métodos tradicionais, trazendo mais qualidade e cooperação para o escritório.
Desenvolvidas pelo Superlimão exclusivamente para a nova área do escritório do Google, as estações contam com jardineiras que funcionam como barreiras para o risco de contaminação. Espadas de São Jorge, Jibóias e outras espécies de plantas ocupam espaços que, em estações comuns, são desprotegidos, garantindo nível seguro de isolamento para os funcionários. As cadeiras também foram desenhadas pelo time de design do escritório.
Enquanto nas propostas mais conservadoras, que sugeriam aplicação de divisórias de acrílico ou maior espaçamento entre estações, a capacidade do escritório cairia a 25% da equipe, o sistema biomimético garantiria 72% de ocupação em tempos de pandemia. Indo além, no cenário pós-pandêmico, a capacidade da área alcançaria 120% com a nova disposição.
“É esse o escritório que acreditamos: não só mais espaço e mais pessoas, mas um ambiente focado na colaboração”, diz Lula Gouveia. “Tudo isso através de uma nova leitura de disposição do espaço. Trocamos vários corredores largos, que desperdiçavam áreas úteis, por pequenos lounges colaborativos mais seguros que surgem entre as estações de trabalho”, completa.
A NOVA ÁREA DO GOOGLE E O PERCURSO PELA HISTÓRIA DE SÃO PAULO
O Google tem por tradição fazer de seus escritórios uma celebração à cidade em que está localizado. Para fugir dos clichês, o novo espaço se tornou plataforma para um storytelling de perspectiva histórica: a intensa relação entre a grandeza construtiva de São Paulo e a força da natureza. “Enfrentar o desafio de encontrar soluções que capturassem o conceito sem serem literalmente interpretadas foi uma tarefa complexa, possível graças à relevância da narrativa para o cliente”, conta Maria Fernanda Elaiuy, arquiteta do Superlimão.
“O Google é uma empresa que valoriza a narrativa do design como ferramenta de engajamento do usuário e sua comunidade - visitantes e parceiros. A perspectiva histórica e artística locais tornam o escritório um espaço de convivência e aprendizados únicos”, reforça João Vieira, Executivo de Projetos do Google na América Latina.
Para isso, as equipes criativas de Google e Superlimão definiram períodos representativos dessa interação para ambientar os diferentes espaços de trabalho. “Falamos aqui de uma trajetória histórica e natural, abordando as relações entre construção e natureza, que acompanha todo o percurso do usuário e visitantes ao longo do andar”, explica Brunna Dourado, arquiteta do Superlimão.
Apoiada em obras clássicas e marcos históricos, como o livro “São Paulo: Três Cidades Em Um Século” (Benedito Lima de Toledo) e a Semana de Arte Moderna de 1922, a trajetória é contada em retrospectiva, indo da Selva de Pedra ao período de natureza intocada.
SELVA DE PEDRA – Dos anos 2.000 aos dias atuais
A São Paulo que conhecemos hoje, em que o cinza do concreto e a tecnologia parecem se impor sobre o verde, é o ponto de partida da viagem no tempo. O hall dos elevadores tem luzes interativas que acompanham a caminhada até a recepção, onde uma instalação, criada pelo cartunista Luiz Gê exclusivamente para o projeto, representa a profusão de prédios pela cidade.
A obra, uma composição em 4D de prédios e pontes feitos em papel, é baseada no clássico dos quadrinhos “Avenida Paulista”, em que Luiz Gê narra as transformações pelas quais o icônico corredor passou em 100 anos.
SEMANA DE ARTE MODERNA DE 22 E A VILLA KYRIAL
Colaboração e criatividade são elementos centrais para o novo escritório do Google. Além dos espaços gerados pela disposição em zigue zague das estações de trabalho – ideais para as dinâmicas de cada time –, a área tem ambientes exclusivamente dedicados para momentos colaborativos.
Reservadas e equipadas com mobiliário versátil (incluindo uma arquibancada móvel desenhada sob medida para o projeto), as salas tiveram como inspiração movimentos marcantes da criatividade brasileira centralizados em SP. Releituras de obras clássicas da Semana de Arte Moderna de 22, a exemplo de “Operários”, de Tarsila do Amaral, trazem a atmosfera do período. Foram convidados jovens artistas de grande expressão para que explorassem temas como diversidade e meio ambiente, em uma versão mais 'googley' e menos elitizada do que em 1922.
A Villa Kyrial, reduto cultural do início do século 20 e que atraía intelectuais como Mário de Andrade e Lasar Segall, também serviu de inspiração para conceito e arquitetura. A ideia, segundo João Vieira, foi homenagear os 100 anos da Semana de Arte Moderna de uma maneira nova, relembrando um espaço intimamente ligado à efervescência cultural da época, porém pouco conhecido.
BOOM DA CONSTRUÇÃO – De 1.800 a 1.900
Um dos períodos de transições mais impactantes na cidade aconteceu entre os séculos 19 e 20, da expansão da malha ferroviária ao desenvolvimento industrial. As múltiplas transições urbanas são marcadas principalmente pelo equilíbrio fino entre o uso de novos materiais construtivos e a relevância dos espaços arborizados pelos passeios e praças.
Estruturas aparentes e materiais brutos, como o concreto, criam a atmosfera. Posicionadas próximas à entrada, as salas de reunião remetem a predinhos históricos, com proporções de arquitetura Art Déco e Art Nouveau.
CIDADE DE LAMA – De 1.554 a 1.800
Seguindo o percurso em direção ao passado de São Paulo, o projeto retrata o período de desenvolvimento da cidade com base na arquitetura vernacular – a cidade de barro.
Começa pela fundação da cidade, passa pela Vila de São Paulo (principal centro do Movimento Bandeirante) e seu posterior desenvolvimento em uma cidade ao redor da economia da cana- de-açúcar. É chamada de cidade de lama devido ao principal método de construção da época: taipa e adobe.
A inspiração foi aplicada principalmente na copa do escritório. Nas paredes, ladrilhos em tons de marrom; no forro foram instalados pilões de madeira, que remetem à taipa de pilão; no centro do ambiente, a bancada em pedra azul remete à Fonte do Pique, ponto no centro da cidade em que tropeiros faziam suas paradas para hidratação.
SIMBIOSE COM A MATA VIRGEM – Da natureza selvagem às primeiras intervenções humanas
O final do percurso histórico (ou início, quando pensado em ordem cronológica) é o cenário do território paulistano de Mata Atlântica virgem e as primeiras intervenções humanas, baseadas na simbiose. Materiais naturais, artesanatos, diversidade de espécies de plantas e referências à fauna original surgem pelos espaços.
Silhuetas, sombras e até rastros de animais tradicionais da região surgem como easter eggs pelo escritório. Para isso, a equipe do Superlimão visitou a Represa Guarapiranga em busca de pegadas de capivara. Uma vez moldadas, as marcas foram aplicadas em placas de concreto, dando a sensação de que a icônica mascote paulistana passou por ali. Tamanduás-bandeiras e micos-leões-dourados também aparecem projetados pelas paredes.
Para completar a experiência, o Superlimão explorou aspectos topográficos do território paulistano. Logo na entrada, a bancada de recepção, modelada e esculpida com exclusividade para o Google, forma a cordilheira da Avenida Paulista em uma rara perspectiva aérea. Na parede, um painel em madeira representa a região que deu origem a São Paulo – a colina onde hoje se encontram Páteo do Colégio, Mosteiro de São Bento e Catedral da Sé.
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